Encontramo-lo sempre de sorriso no rosto, no olhar, e com uma qualquer ideia musical a tocar-lhe na “rádio cabeça” (já dizia Chico Buarque). Há alguns anos que o Pedro Almeida abraça as gentes das nossas terras, com os seus dons de musicar e inspirar. É professor na Escola de Artes da Bairrada, no Troviscal, pianista, compositor, e um grande amigo da nossa Associação.
Desde criança, bem pequeno, foi descobrindo, entre as inúmeras cassetes, discos e instrumentos que o pai tinha por casa, a música que o fascinava e lhe afinava o gosto e a obsessão por esta arte.
“Não tenho qualquer recordação de um tempo em que a minha cabeça não estivesse ocupada por música o tempo todo”
De tal forma que também os seus pais encontraram na música uma oportunidade – a de estimular a sua motricidade fina manual, já que, ao nascer com paralisia cerebral, Pedro tem mobilidade condicionada. Compraram-lhe, então, um teclado, onde pudesse praticar alguns movimentos e conhecer melhor esse bichinho que levava dentro. Desde então, nunca mais parou.
Por amor à música e ao piano, culpa da família, foi crescendo autodidata, até encontrar na Academia de Música de Espinho e em professores como Francisco Seabra ou Evgueni Zoudilkine, abrigos certos para regar a imaginação, a paixão pela harmonia e para fazer brotar um dos seus propósitos, a composição musical.
“Lembro-me de um momento incrível numa jam session em que tive a nítida sensação de estar a começar uma amizade em palco, durante uma música.”
Entre serões de curiosidade e experimentação, na Universidade de Aveiro, acabou por fazer de criar música vida. Mas, confessa, também ele procura inspiração sem a encontrar, muitas vezes. Mesmo com intensas horas de estudo e pesquisa na área.
Por prazo ou acaso, Pedro e a inspiração lá se fazem cúmplices, e a sua grande imaginação surge-lhe nas mãos e na voz.
À PROMOB, já ofereceu todas – mãos, voz e imaginação – juntando-lhes boa disposição e tempo precioso, em espetáculos como “Equinócio da Primavera”, “Para habitarmos juntos um lugar” ou “Os Gigantes da Montanha”.
Nessas ocasiões, ficou nítida uma ideia fundamental que nos une – a de que “a música é, ela própria, expressão de comunidade”. E, por isso, continuará sempre a valer a pena criar ambientes propícios à sua partilha genuína, longe da competitividade que os dias que correm impõem até à arte.
“Tantas vezes é em contextos comunitários que nascem visões de vida, sentidos na vida de quem ali se encontra. A música tem a tão falada capacidade de aproximar, de acolher, de dar sentido”, diz. E nós não poderíamos estar mais de acordo.
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